Dona Tuca

Aos 85 anos, Anaíde dos Santos Muniz, mais conhecida como Dona Tuca, cantora, compositora, atriz ,poetisa e  artista plástica moradora da Cidade de Deus escreveu seu primeiro livro, lançado dia 23 de novembro, às 15h.  Dona Tuca levou sua obra chamada “Tuca o Diamante- Juntando Poemas”, ao Museu Negro, que fica na Rua Uruguaiana, número 77, no Centro do Rio e  foi uma das vencedoras,  em 2017, do prêmio Culturas Populares, do Ministério da Cultura (Minc).

Não existe prazo de validade para a felicidade. A prova viva de que isso é verdade está em uma senhora de 85 anos, moradora da Cidade de Deus, Rio de Janeiro. Anaíde dos Santos Muniz carrega esse nome na certidão de nascimento, mas não escuta ele muito nas ruas.

Ela sempre é chamada de Dona Tuca por todos. Com um sorriso fácil e muita animação, ela dá uma lição de vida. Aos 85, Dona Tuca ainda faz planos para o futuro e não abre mão de realizar seus sonhos.

Ela recebeu outro apelido na comunidade, “Diamante da Cidade de Deus”. Dona de muitos talentos, Dona Tuca compõe, canta, pinta, faz teatro e poesias. “A música é a minha alma, é a minha vida, eu adoro música e nunca estudei nada. Está dentro de mim. A arte está dentro de mim”, diz ela.

Mesmo não tendo concluído o ensino primário, Dona Tuca mostra um português correto. Ela afirma que aprendeu tudo observando outras pessoas. Ela foi casada por 35 anos. A família é grande, com 4 filhos, 10 netos, 14 bisnetos e 4 trinetos.

“Financeiramente, com a música, não conquistei nada. Só conquistei simpatia e amor”, diz a senhora que é apaixonada por funk e samba. Seu sonho é gravar um disco com os dois ritmos.

Com hábitos saudáveis, Dona Tuca afirma que não bebe nem fuma. Além disso, ela conta que não gosta de falar palavrão. “Felicidade pra mim é não ter inimigos, é não se meter na vida dos outros”, completa a senhora que parece ter encontrado a chave para a felicidade.

Dona Tuca diz que a paixão pela música nasceu com ela. Desde criança, conta que dançava e tocava flauta com o irmão. Mais tarde, fundou o bloco “Independentes da Barão”, que desfilava pelas ruas do Rio Comprido. Quando foi morar na Cidade de Deus, compôs letras para a Mocidade Unida, escola de samba da série E carioca. Recentemente, descobriu a batida do funk.

“O funk nasceu de uma velha maluca. Então eu comecei a bolar. A batida é a mesma, eu acho que o ritmo já vem. Não sei bater instrumento. Eu sei as notas musicais, quando e o que elas falam. Então o instrumento musical que eu tinha na minha boca era o tempo. Esse ritmo mexe com o corpo, a gente pode fazer o que quiser. Meu ritmo é esse”, traduz.